Eu sou o nada, feroz poeta o vento
Nasci num dia triste de dezembro
Que ainda atormenta o meu pensamento
Onde as ondas choravam, não lembro.
No cabo da boa esperança ao relento
A dor destilava a sobrancelhas do meu pai
Com alma sugada em desalento tormento
Minha mãe morta já não dizia nem mais aí.
Éramos dois no fogo de inferno momento
Meu velho pai me levou no mar para lavar
O corpo miúdo impetuoso e sangrento.
Em choro aflição e desesperador lamento
Ruía o mundo em tempestade e sofrimento
Com filho nos braços rogava a Deus em céu cinzento.
*Apenas um soneto, usei nele mês e país de nascimento
reais na volúpia da criação, não sou órfão.